[Resenha - Gutenberg] A Escola do Bem e do Mal 3: Infelizes para sempre

Esta resenha não possui spoilers deste livro ou dos livros anteriores da trilogia. Caso não tenha lido os outros volumes, aconselho que pule a sinopse.

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Título: A Escola do Bem e do Mal 3: Infelizes para sempre

Autor: Soman Chainani

Tradução: Alice Klesck

Ilustrações: Iacopo Bruno

Livro #3 da trilogia

Editora: Gutenberg

(Grupo Autêntica)

Número de páginas: 416

Skoob

Sophie e Agatha estão lutando contra o passado para conseguir mudar o futuro, em busca de um final perfeito para seu conto de fadas. Elas acreditavam que sua história havia chegado ao FIM no minuto em que se separaram, quando Agatha foi levada de volta para Gavaldon com Tedros, e Sophie ficou para trás com o lindo e renascido Diretor da Escola. Mas nada no mundo dos contos de fadas é tão simples. Agora inimigas, elas tentam se acostumar com suas novas vidas, mas a história das duas pede para ser reescrita… E isso pode afetar quem elas menos imaginam. Com as garotas separadas, o Mal assume o poder e os vilões do passado ressurgem das trevas em busca de vingança, sedentos por uma segunda chance de transformar o mundo do Bem e do Mal em um reino de escuridão, com Sophie como rainha. Agora, apenas Agatha e Tedros podem apelar ao poder da amizade e do amor do Bem para impedir a dominação do Mal e evitar que todos sejam infelizes para sempre. Mas… qual é a linha tênue que separa o Bem e o Mal? 

A Escola do Bem e do Mal é o lugar em que os descendentes de heróis e de vilões das histórias já escritas se preparam para protagonizar - ou não - seus próprios contos de fadas. Existe uma caneta mágica - o Storian - que se concentra apenas em um enredo de cada vez, então nem todos terão a oportunidade de serem eternizados por ela. Além disso, dependendo do rendimento escolar, alguns alunos nunca serão os protagonistas - se tornarão capangas do mal, auxiliares do bem, ou até mesmo animais ou plantas necessários para os enredos (Tipo, o pé de feijão do João? Com certeza um ex-aluno).

Sophie e Agatha não têm ligação com esse mundo. São Leitoras. Na vila em que cresceram, a cada quatro anos são raptados dois adolescentes pelo Diretor da Escola, e eles nunca retornam. Um deles é deixado na Escola do Bem, outro na Escola do Mal. No caso delas, Sophie, que sempre sonhou em ser uma princesa, vai parar no Mal; e Agatha, que sempre foi uma garota considerada esquisita, é colocada no Bem. No momento do rapto, as duas eram melhores amigas. Mas será possível manter a amizade entre uma bruxa e uma princesa? 

Claro que essa não é a regra, e a história das meninas vai causar muitas confusões. Já no primeiro volume, por algum motivo que ninguém entende, o Storian as escolhe para protagonizar um enredo e começa a escrever sobre elas quando ainda são alunas - algo também nada normal de acontecer. A cada novo livro, o autor nos apresenta o mesmo universo, mas ao mesmo tempo encontramos situações completamente diferentes. As escolas mudam sozinhas para tentar manter o equilíbrio entre o bem e o mal, algo essencial para que aquele mundo continue existindo.

Neste último livro da trilogia, descobrimos que um final nem sempre é um final. As histórias que haviam sido fechadas há muitos e muitos anos estão sendo reabertas e tudo pode acontecer. A história de Agatha e Sophie já acontece há muito tempo e nunca chega a um fim definitivo, e isso enfraquece a cada dia mais o mundo em que as garotas estão vivendo, já que normalmente vários enredos são escritos a cada ano e o delas já está ocupando a caneta pelo terceiro ano consecutivo. Sem histórias e sem equilíbrio entre o bem e o mal, aquele mundo vai chegar ao fim. Será que as duas garotas conseguirão ter os finais felizes de seus sonhos? E fazer com que todos ao seu redor também tenham chance de alcançar os seus?

Esse foi o volume que mais demorei para ler. Digamos que, durante parte do enredo, tem uma espécie de triângulo amoroso. Diferente do normal, já que não há dúvidas sobre qual o casal que vai terminar junto; só que, mesmo assim, fiquei enlouquecida com a pessoa que sobrava. Mas eu me irrito demais com triângulos. Se você não liga, a situação não vai te incomodar em nada.

O livro mostra que não há só um tipo de final feliz. Nem todo mundo vai ter uma vida ao lado de um príncipe encantado. Cada pessoa precisa de uma coisa específica em cada momento de sua existência. E preciso confessar: o autor não me deu tudo o que eu queria no final. Mas me deu muita coisa. Me surpreendeu, não fez o que seria mais óbvio. Destacou vários tipos de amor. Juntou as pontas soltas que foi deixando no decorrer do enredo, exceto por uma. Quer dizer, a única coisa sobre a qual fiquei em dúvida foi abordada, sim, só que pela boca de uma personagem nada confiável, então não tenho certeza de que a revelação feita era para ser levada a sério.

A boa notícia é que, como o autor estará na Bienal de SP esse ano, talvez eu tenha a chance de perguntar pessoalmente. Mas, mesmo que eu não consiga, ainda assim amei a leitura da série. Sou muito apaixonada por fantasia e por contos de fadas, e ver a forma como ele criou uma ligação entre tantas personagens que estavam no meu coração há muito tempo e outras completamente novas foi incrível. É uma trilogia que com certeza recomendo.