[Resenha - Intrínseca] Belgravia

Título: Belgravia

Autor: Julian Fellowes

Consultora editorial: Imogen Edwards-Jones

Consultora histórica: Lindy Woodhead

Tradução: Rachel Agavino

Editora: Intrínseca

Número de páginas: 432

Skoob | Leia um trecho

Ambientada nos anos 1840, quando os altos escalões da sociedade londrina começam a conviver com a classe industrial emergente, e com um riquíssimo rol de personagens, a saga de Belgravia tem início na véspera da Batalha de Waterloo, em junho de 1815, no lendário baile oferecido em Bruxelas pela duquesa de Richmond em homenagem ao duque de Wellington. Pouco antes de uma da manhã, os convidados são surpreendidos pela notícia de que Napoleão invadiu o país. O duque de Wellington precisa partir imediatamente com suas tropas. Muitos morrerão no campo de batalha ainda vestidos com os uniformes de gala. No baile estão James e Anne Trenchard, um casal que fez fortuna com o comércio. Sua bela filha, Sophia, encanta os olhos de Edmund Bellasis, o herdeiro de uma das famílias mais proeminentes da Bretanha. Um único acontecimento nessa noite afetará drasticamente a vida de todos os envolvidos. Passados vinte e cinco anos, quando as duas famílias estão instaladas no recente bairro de Belgravia, as consequências daquele terrível episódio ainda são marcantes, e ficarão cada vez mais enredadas na intrincada teia de fofocas e intrigas que fervilham no interior das mansões da Belgrave Square.

Belgravia é um romance histórico que se passa durante o século XIX. Tudo começa em 1815, com várias famílias de Londres residindo em Bruxelas, onde é iminente um conflito com Napoleão. A sociedade não podia parar com todos os seus rituais habituais, porém nem todos estavam dispostos a seguir suas regras. 

Um casal improvável se forma: Sophia, filha de um comerciante, apaixona-se por Edmund, o visconde de Bellasis, e aparentemente é correspondida. A garota convence seu amado a lhe conseguir convites para o baile de sua tia, baile que acaba ficando famoso já que alguns oficiais saíram de lá diretamente para a luta contra o inimigo na Batalha de Waterloo - Edmund estava entre eles.

1841. Muita coisa mudou nas famílias de Edmund e Sophia e os membros delas terão que encarar muitas reviravoltas, além de traições e desafios para conseguirem vislumbrar um final feliz depois de passarem por bastante sofrimento. Agora, os acontecimentos se passam em Belgravia, elegante bairro de Londres que o pai de Sophia ajudou a tornar realidade.

Sei que já disse isso no início da resenha, mas vou repetir apenas para esclarecer: trata-se de um romance histórico. E não, isso não quer dizer que é um romance de época, com destaque para a história dos mocinhos. São gêneros diferentes, e o foco está na retratação dos costumes de uma época, recriando um período histórico utilizando inclusive pessoas que realmente viveram durante aqueles anos, mas contando uma história fictícia. Aliás, a ambientação histórica foi muito bem feita. Como podem ver no cabeçalho da resenha, o autor contou até mesmo com uma consultora histórica para escrever a obra.

Foram incluídos fatos curiosos na narrativa, como a popularização do famoso chá das cinco inglês. Sim, fui verificar para ver se era a história real, e pelo que encontrei, é. Claro que nunca tinha pensado sobre isso, mas esse tipo de detalhe do cotidiano da sociedade da época torna a leitura bem mais gostosa.

A editora caprichou na parte gráfica. A capa é daquela aveludada, soft touch, meu tipo preferido. O título e o nome do autor têm brilho e um pouco de alto relevo. As orelhas são maiores que o habitual, as folhas amarelas e a fonte de um tamanho ótimo. A leitura foi bem tranquila e confortável, e não me lembro de ter encontrado erros de revisão.

A narrativa pode parecer um pouco lenta para quem está acostumado com livros repletos de ação, mas o autor desenvolve muito bem o enredo, revelando os fatos importantes nas horas certas. Há muita mágoa a ser superada, muitas coisas a serem esclarecidas, e ele trabalha tudo isso em detalhes, sem deixar pontas soltas.

São muitos personagens e grande parte deles ganha espaço na trama, mas em nenhum momento o leitor fica confuso, já que todas as personalidades e conflitos são bem desenvolvidos. Os acontecimentos finais acabaram surpreendendo bastante alguns desses personagens - e a mim também.

Na últimas 30 páginas achei que o autor estava realmente testando meu coração, porque as coisas aconteceram num ritmo muito diferente do restante. E eram fatos realmente delicados que me deixaram enlouquecida para conhecer o desfecho. Quando terminei de ler, fiquei bem feliz por ter conhecido este enredo. É uma leitura que com certeza recomendo; que nos causa sofrimento em alguns momentos, sim, mas que é capaz de deixar qualquer leitor com um sorriso no rosto no final.