[Resenha - Jardim dos Livros] As Lições do Mestre

Título: As Lições do Mestre

Autor: Confúcio

Organização e tradução: André Bueno

Geração Editorial

(Selo Jardim dos Livros)

Número de páginas: 96

Leia um trecho | Skoob

Esta é uma seleção de ensinamentos de Confúcio (551-479 a.C.), um dos maiores vultos da filosofia e da religião. Confúcio ensinava que a sobrevivência da civilização depende do exercício correto de uma cultura racional, da prática de uma moral eficaz em inibir o mal e ensejar o altruísmo e a bondade. Os preceitos confucionistas defendem uma base humanística na educação, cujo cerne é o aspecto humano e moral. Para o Mestre, o tipo ideal de indivíduo é o Junzi, o “educado”, uma pessoa de bons modos, instrução e qualidades morais elevadas. Traduzidos direto do chinês, estes pensamentos compõem um guia indispensável para nos aconselhar em tempos confusos e de relativismo moral como os de hoje.

As Lições do Mestre começa com uma introdução que fala um pouco sobre Confúcio e sobre a época em que ele viveu. É "um dos pensadores mais importantes da filosofia mundial" e viveu na China de 551 a 479 a.C. O momento era conturbado, e Confúcio se dedicou a encontrar algo que ajudasse com a sobrevivência da sociedade e com a dignidade humana. Era um educador, alguém "preocupado em resgatar sua civilização da ruína". Acredito que o trecho abaixo descreve muito bem seu principal pensamento.

Confúcio defendia, pois, que a sobrevivência da civilização dependia do exercício correto de uma cultura racional, da prática de uma moral eficaz em inibir o mal e ensejar o altruísmo e a bondade.

Confúcio acreditava que as pessoas não praticavam a moral por não terem sido educadas para fazê-lo. Não entendiam a necessidade de valores elevados e, assim, não se importavam se tinham atitudes reprováveis. Mas não pensem que ele era uma pessoa que não acreditava em mudanças, em transformações devido ao contexto.

Mestre é quem sabe o antigo e descobre o novo.

Além disso, Confúcio afirmava que dois tipos de estudo eram necessários: o estudo das tradições e da cultura, e a experiência de vida. Para ser considerada "educada", uma pessoa precisava não só conhecer a cultura e a moral, mas praticá-las. Para a publicação deste livro, foram selecionados alguns trechos do Lunyu - o texto básico da doutrina confucionista -, que é formado por fragmentos de lições recolhidos por alunos após a morte de seu mestre. Mas pertencer a uma doutrina não faz com que o texto seja dogmático, pelo contrário, tudo está aberto à discussão, como esteve na época em que Confúcio viveu.

O tradutor explica que optou por traduzir o chinês clássico de uma forma mais simples do que normalmente encontramos, e que isso implicou em recriações do texto. Isso ficou bem claro para mim quando me deparei com minha citação favorita do mestre. Eu a conhecia como: "Quando vires um homem bom, tenta imitá-lo; quando vires um homem mau, examina-te a ti mesmo". Neste livro, ficou assim: "Quando vir alguém de valor, inspire-se nele. Quando vir um incompetente, pense em si mesmo.".

A diagramação está muito linda. As páginas iniciais, e algumas no meio do livro, têm o fundo preto. As outras páginas são amareladas, têm um ótimo tamanho de fonte e foi colocada uma moldura em todas elas. Neste link vocês podem conferir como ficou tudo maravilhoso. Também foram inseridas algumas ilustrações. Minha única queixa é que o livro não possui orelhas... sim, sou daquelas loucas por orelhas que sentem muita falta delas. Amei a capa, e os versos dela e da contracapa são vermelhos. A editora realmente pensou em cada detalhe.

Como o livro tem menos de 100 páginas, li muito rápido. Mas ele é para ser consultado constantemente, já que possui ensinamentos valiosos. Adorei ter a oportunidade de ter uma obra que trata exclusivamente de Confúcio na estante. A maior parte do livro é um apanhado de citações, então vou finalizar a resenha com algumas das minhas preferidas. :) Tive que me esforçar muito para selecionar só cinco.

Estudar sem pensar é inútil. Pensar sem estudar é perigoso.

Saber o que se sabe e o que não se sabe: isso é conhecimento.

Controle a si mesmo e não errará o caminho.

Exija muito de si e pouco dos outros, e isso lhe trará sossego.

Pode ser que existam pessoas que consigam algo sem saber nada, mas não sou uma delas. Ouvir muito, selecionar o melhor, testemunhar e registrar, esse ainda é o melhor meio de estudar sem nascer sabendo.