segunda-feira, 25 de setembro de 2017

[Resenha - Universo dos Livros] Negação

Postado por Ju às 16:00
Título: Negação
Autora: Deborah E. Lipstadt
Tradução: Mauricio Tamboni
Editora: Universo dos Livros
Número de páginas: 432
Skoob



Nesta história real, Deborah Lipstadt enfrenta no tribunal David Irving – um dos mais conhecidos negacionistas do Holocausto. Acompanhe todo o processo do julgamento enfrentado pela historiadora e seu empenho em ter que corroborar que um dos episódios mais cruéis da humanidade de fato aconteceu. David Irving é um autor inglês que usa métodos pouco ortodoxos de pesquisa histórica em seus inúmeros livros sobre a Segunda Guerra Mundial e o Terceiro Reich, nos quais ora atenua os impactos e as atrocidades dos campos de concentração, ora questiona a própria existência das câmaras de gás. Irving chega até mesmo a negar a existência do Holocausto, que descreve como “uma lenda”. São justamente essas alegações negacionistas que levam a historiadora americana Deborah Lipstadt a descrevê-lo, em seu aclamado livro Denying the Holocaust, de 1993, como “um dos mais perigosos porta-vozes do negacionismo do Holocausto”. Indignado, Irving decide abrir um processo por difamação contra Lipstadt. Agora, a historiadora se vê obrigada a enfrentar, na Inglaterra, uma batalha jurídica que não se restringe à reputação de dois estudiosos, mas que diz respeito ao registro da própria História. Amparada por uma competente equipe de defesa, Lipstadt inicia uma minuciosa análise do trabalho de Irving para mostrar como, a partir de uma postura ideológica, antissemita e racista, ele perverte documentos e registros históricos com o objetivo de “absolver Hitler”. Em “Negação”, livro que deu origem ao filme homônimo, Deborah Lipstadt narra os dias do julgamento em Londres e revela o drama que foi ter de seguir o conselho de seus advogados e ficar em silêncio enquanto seu objeto de estudo e seus princípios eram desvirtuados diante de um tribunal e da imprensa de todo o mundo.

Negação conta a história real da autora, que foi processada por um negacionista do Holocausto (o nome dele está na sinopse, mas me recuso a dar a atenção que não merece repetindo aqui). Não, ele não nega que os judeus foram retirados de onde viviam e enviados para campos de concentração. Mas não considera estes como campos de extermínio, já que afirma que as condições não eram tão ruins como os sobreviventes afirmam. Para ele, tudo não passa de uma lenda para permitir aos judeus obterem vantagem financeira e permissão para agirem como quiserem sem serem condenados.

Deborah o cita em um de seus livros de forma negativa, e isso faz com que precise enfrentar um processo por difamação. E pela lei da Inglaterra, onde foi movido, cabia a ela demonstrar que não disse nada mais que a verdade a respeito daquele homem. A ré era presumivelmente culpada e tinha a obrigação de provar sua inocência.

Eu nunca serviria para ser advogada (se bem que até o juiz em alguns momentos chega a perder a paciência). Muitas vezes quis entrar no livro e matar o cara que abriu o processo, porque olha, ele enrolava para responder e distorcia as informações de um jeito que parecia impossível. Como um ser tem coragem de negar a existência de câmaras de gás? Como? Sério mesmo que além de fazer isso ainda resolve processar uma pessoa que diz que ele não é um historiador confiável?

Tudo bem que todo mundo tem direito a defesa, mas daí a dizer que Hitler nunca quis que assassinatos em massa de judeus (e de outros de seus 'inimigos') acontecessem já é exagero, né? Foi enlouquecedor acompanhar a parte do julgamento (que tem transcrições do mesmo como fontes citadas em notas o tempo todo).

Os extremistas acreditavam que, se o Holocausto, que era usado para lançar uma mancha indelével sobre o nazismo, pudesse ser exposto como uma farsa, o nazismo ressuscitaria. 

O livro tem bastante informação. Não é uma leitura para ser feita rapidamente, porque é muita coisa para absorver. Me deparei várias vezes com informações sobre eventos de que eu nunca havia ouvido falar. O conteúdo é realmente muito denso.

Cada vitória da defesa era um alívio para mim. Cada contradição do acusador (que decidiu ser seu próprio advogado) me deixava minimamente feliz. Porque não dá pra ficar realmente feliz ouvindo (lendo, ok, mas eu me sentia naquele tribunal) as coisas que ele diz.

O pior é que havia sobreviventes do Holocausto assistindo a tudo aquilo, imaginem a dor dessas pessoas ao ter que ouvir que todo o sofrimento que viveram e testemunharam era invenção? Principalmente a dor daqueles que estiveram em campos de extermínio, foram tratados como lixo, viram pessoas serem selecionadas, mandadas para a morte... Em outro livro que li recentemente, a protagonista encontra a roupa de uma pessoa de sua família (claro que com um detalhe muito marcante nela) e assim tem certeza de que ela foi morta. Pensem em como foi para pessoas com essa vivência terem que ouvir absurdos enormes durante semanas a fio. Revolta é pouco para o que eu senti.

Alguns usam violência. Outros (...) usam palavras que, por sua vez, encorajam outras pessoas a fazerem o mal.

Enfim, vou parar por aqui. De jeito nenhum vou conseguir transmitir todo o efeito que a obra teve sobre mim. Aprendi muito com ela e agora quero assistir ao filme, pena que perdi a época em que ele esteve nos cinemas. Se eu conseguir um jeito de vê-lo volto para contar minhas impressões para vocês.

16 comentários:

  1. Ola,
    Nossa que resenha bacana. Gostei muito mesmo não conhecia o livro e tem um filme sobre ele também? Muito legal.Eu tomo cuidado com tudo que leio sobre o Holocausto porque me faz sentir meio mal sabe, pensar que realmente existiu mas fiquei curiosa em relação a essa história. Essa cara realmente existe pelo que você escreveu no incio, é uma história real certo? Como pode existir pessoas assim eu me perguntou ou o cara tentou esquecer tudo que fez para se sentir melhor ou é louco não tem outra explicação. Enfim, adorei a dica não sei se vou conseguir comprar o livro no momento mas vou tentar pelo menos achar o filme.
    Beijos
    Raquel Machado
    Leitura kRIATIVA
    http://leiturakriativa.blogspot.com.br/2017/09/outlander-viajante-do-tempo-de-diana.html

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  2. Mds. Tô abismada. Como alguém afirma que os judeus não sofreram?
    Um ser totalmente sem coração pra dizer isso.
    Eu que não li o livro estou profundamente revoltada, imagino quem leu.
    Não conhecia esse livro, mas fico contente que trouxesse ele para nós.
    Beijos ❤

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  3. Olá, tudo bem? Já vi esse livro, mas a capa não tinha me chamado a atenção. Adoro ler livros com essa temática (holocausto), então com certeza vou curtir a história.

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  4. Nossa, fiquei bem curiosa com o livro. Eu gosto muito quando as obras são baseadas em histórias reais e essa parece ser uma que me deixaria com muita raiva! Adorei a sua dica e espero ler em breve.

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  5. Sua resenha já surtiu um enorme efeito em mim, fico imaginando a leitura. Parece ser um ótimo livro, rico em conteúdo histórico. Adorei a dica, espero muito em breve ler.


    Beijos.
    https://cabinedeleitura0.blogspot.com.br

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  6. Oie,
    Nossa, nunca tinha ouvido falar do livro e nem do filme. Acho que eu ficaria indignada a todo momento lendo esse livro! Coo assim o cara diz que não existiu Holocausto? Que essa não era a intenção de Hitler??
    Beijos
    Blog Relicário de Papel

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  7. Eu já tinha lido uma crítica sobre a adaptação desse livro e desde então fiquei muito curiosa para conferir. A história é muito interessante e confesso que também fiquei revoltada com esse homem, que absurdo dizer que o Holocausto não existiu! Espero ler o livro primeiro e depois assistir ao filme para comparar. Obrigada pela dica, bjss!

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  8. Hey Ju,
    Não conhecia esse título, mas fiquei muito interessada em fazer a leitura, pois adoro obras que fazem pensar e que abordam essa questão de pessoas serem merecedoras de defesa ou não. Eu também não seria uma boa advogada, porque não acho que um culpado merece a chance de se defender, mas acho que todos merecem, no final.
    Beijos

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  9. Esse livro parecer se daqueles que dão soco no estômago na gente, porque, apesar de sabermos que existiu o Holocausto, saber com detalhes os métodos de tortura e morte é muito chocante. Eu quero assistir o filme, não sei se teria estômago pro livro - mas acho super válido a experiência e vou tentar ler.
    Ótima resenha!
    Por essas páginas

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  10. Olá!

    Desde que li A Lista de Schindler, me interessei mais pelo tema, mas esse cara é um completo demente! Como assim nega esse fato tão cruel, real e cheio de testemunhas? Espero que ele tenha perdido lindamente!

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  11. Oii!

    Ju, antes de ler o livro, eu assisti ao filme e fiquei chocada com o enredo, é uma coisa tão absurda que fica dificil de acreditar. Ainda não tive tempo para realizar a leitura da obra, mas quero fazer em breve.

    Beijinhos,

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  12. Não conhecia nem o livro e nem o filme, mas entendo perfeitamente sua revolta. Sim, deve ser um livro denso, que deve ser lido aos poucos. Tô evitando esse tipo de leitura, mas, assim como você, vou procurar pelo filme. Sua resenha está muito bem feita. Seus sentimentos ficaram muito claros. Obrigada por me apresentar a essa obra. Um beijo e sucesso sempre.

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  13. Oi, tudo bem?
    Eu tb não teria paciência para ser advogada hahahaha!
    O livro é interessante, mas não é algo que eu leria.
    BJs

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  14. Oi! Caracaaa! Que livro! Só pela sinopse já corri adicionar esse livro na minha lista, e só de ler suas impressões já fiquei louca da vida também com tamanha cara de pau desse senhorzinho rsrs
    Acho que também não iria servir para ser advogada, só ia passar raiva.
    Adorei a indicação.
    Beijos!

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  15. Olá! Ainda mão conhecia essa história, fiquei bastante curiosa. Já vou anotar a indicação. Gosto bastante dessa temática. Ótima sua resenha, super bjo

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  16. Olá!
    Eu nunca tinha ouvido falar desse livro, mas achei a temática simplesmente sensacional. Como assim alegar que o Hitler nunca quis matar ninguém??? Realmente tem louco para tudo nesse mundo.
    Beijos.

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