[Resenha - Astral Cultural] Todo o tempo do mundo

Título: Todo o tempo do mundo

Autor: Maurício Gomyde

Editora: Astral Cultural

Número de páginas: 352

Skoob

OK, você já leu muitas histórias assim, mas garanto que todas não passam disto mesmo: histórias. No meu caso, por inacreditável que pareça, é tudo verdade. Eu realmente viajo no tempo. As viagens duram segundos, minutos ou, no máximo, poucas horas. Se fico insanamente feliz, volto ao passado; se absurdamente triste, vou para o futuro. Isso me criou tantos problemas, que a única saída foi me isolar num canto do mundo e passar meus dias tentando nunca mais ser feliz nem triste. A causa? Amanda. Por que eu? Não sei. Um dia vai acabar? Não faço ideia. Mas hoje de manhã chegou um convite. E acho que finalmente poderei descobrir se o que me acontece é dádiva ou maldição...

Vitor Pickett viaja no tempo, mas de um jeito peculiar. Quando se sente muito feliz, volta no tempo por minutos ou até por vários dias... Quando precisa enfrentar uma grande tristeza, tem períodos de ausência e avança no tempo por um período também indefinido. Tudo começou aos 14 anos, quando ele finalmente conseguiu se aproximar da garota de quem gostava...

Amanda, depois de um ano na escola em Brasília, um dos lugares em que morou devido ao emprego de seu pai, ganhou um beijo do garoto por quem estava apaixonada... Só que no dia seguinte se mudou para o Quênia e nunca mais teve contato com ele. Agora ela é a esposa (bem infeliz) de um famoso deputado argentino. Recebe um convite inesperado para a reunião de 20 anos de formandos de sua turma... Será que aquele garoto, que nunca saiu completamente da sua cabeça, estaria presente?

Para quem tem birra com histórias que envolvem traição (como eu) aviso que não, não acontece nenhuma traição nessa obra. Você pode pensar que sim pela Amanda ter um marido e sempre ter sido apaixonada pelo Vítor, mas pode acreditar em mim quando digo que ela faz de tudo para agir direito com o senhor deputado, seu marido detestável.

Várias vezes eu quis gritar enquanto lia esse livro. Na verdade, cheguei a dar um pequeno grito lendo em um lugar público (que era a rodoviária na volta do feriado, a propósito) e passei vergonha. Mas gente, o Maurício já estava me enlouquecendo com os desencontros que arrumou para os protagonistas. Sempre amei viagens no tempo, mas o Vitor quase me fez mudar de ideia. Porque olha, as ausências dele faziam muita diferença na vida.

Me envolvi demais com o enredo, apesar desse não ter se tornado meu livro preferido do autor. Admiro demais o Maurício, tanto pela escrita quanto por todo o carinho e atenção que ele dedica a seus leitores, mas claro que alguns livros dele me agradam mais que outros. E os que me agradam mais são os que destroçam meu coração, coisa que esse livro não conseguiu fazer. 

E olha que as personagens precisam enfrentar problemas bem sérios, incluindo algumas perdas... mas não sei porque, não cheguei a derramar nenhuma lágrima, embora tenha ficado super agoniada em certos momentos.

De qualquer maneira, a história me colocou para refletir e adoro livros que me causam esse efeito. O Vitor tem o hábito de questionar as pessoas importantes em sua vida sobre a definição do que é felicidade e isso traz momentos incríveis à obra. Já parou para pensar sobre isso? O que é felicidade para você? O que é realmente essencial na sua vida? Espero que seja algo que tenha real valor.