[Resenha - Planeta] O Pulo da Gata

Título: O Pulo da Gata

Autora: Fernanda França

Editora: Planeta

(Selo Essência)

Número de páginas: 288

Skoob

A paulistana Maggie May ama os animais e exerce sua profissão de veterinária com paixão. Mas seu maior sonho é casar com tudo que uma mulher romântica tem direito: vestido branco, cerimônia religiosa, festa com todos os seus amigos e parentes, lua de mel... O noivo nem importa muito, desde que seja alto. O que mais interessa a ela é o evento. Apesar de jovem – tem 23 anos –, ela faz de tudo para se casar e age como se fosse uma solteirona desiludida. Não é a toa que está na sua quinta tentativa, mas Maggie é confiante de que Felipe, que ela conheceu num site de encontros, a tornará, enfim, feliz. Só que as estrelas, que tudo veem lá de cima, não têm tanta certeza assim. Nem Eric, o comediante gato que ela conhece por acaso, no dia do seu primeiro encontro físico com Felipe. O Pulo da Gata é uma comédia romântica cheia de reviravoltas, algumas trágicas, outras curiosas e divertidas, que prende e emociona a cada capítulo. Impossível não rir ou chorar.

Maggie May é uma mulher que tem uma vida cheia de coisas boas: faz parte de uma enorme família, formada por sua mãe, o pai, a madrasta (que na verdade é considerada mãe também) e cinco irmãs, além dos maridos e filhos de algumas delas; tem duas melhores amigas sempre presentes; convive com um casal de idosos que moram numa casinha nos fundos da sua casa, e que se tornaram avós postiços - e ainda têm um gato e um cachorro que são parte da família também; possui sua própria clínica veterinária, e é feliz em sua profissão. Mas mesmo com amor vindo de todos os lados não se sente satisfeita - Maggie simplesmente precisa de um marido.

Aos 23 anos, já ficou noiva quatro vezes - pelo menos considera assim. Está há algum tempo conversando com um rapaz que conheceu em um site de encontros, e os dois decidem que finalmente se encontrarão pessoalmente. Pelo que ela sabe, Felipe gosta de tudo o que ela gosta, e tem a única característica que considera essencial: é alto. Ao chegar no bar em que marcaram de se encontrar, é abordada por um cara de camisa verde e calça que deveria ser preta mas é cinza, só que não se prende a esse detalhe... homens têm problemas com cores, certo? 

Os dois começam a conversar e as coisas fluem maravilhosamente, até que ela descobre que não se trata de Felipe. Sai do bar indignada por ter sido enganada (como se o cara tivesse falado que era quem a maluca imaginou que ele fosse), disposta a entender porque não encontrou aquele que já considerava o amor de sua vida sem nunca ter visto - e, obviamente, a corrigir isso o mais rápido possível. E assim começa a quinta obsessão por um homem da vida dela, que a faz enxergar apenas o que quer ver.

Vou dizer para vocês que morri de raiva da Maggie May. Não é sempre que conhecemos uma personagem tão lerda e completamente cega. Mas o pior é que existem mulheres desse jeito. Mulheres que fecham os olhos para tudo só para colocarem uma aliança no dedo. Não estou dizendo que é ruim ter o sonho de se casar... Apenas que não é nada saudável a pessoa esquecer quem ela é e fazer de tudo para acreditar que um homem é quem ela quer que seja só para realizar esse sonho. Isso nunca dá certo.

Então, por uma boa parte do livro, quis constantemente esganar a protagonista. Eu sabia que ela estava vacilando, as amigas dela sabiam, até o narrador do livro sabia... mas a garota insistia na cegueira. Até que acontece uma reviravolta que a faz abrir os olhos e foi aí que a leitura se tornou mais interessante. De qualquer maneira, mesmo antes disso, me deparei com vários momentos super divertidos. A Maggie tem umas ideias muito malucas, e compartilha todas as suas teorias sem o menor constrangimento... rs...

As personagens secundárias são muito legais e importantes para a história. As amigas dela me lembraram algumas das minhas, a família é super unida e se reúne com bastante frequência, e os avós postiços são mega fofos. Isso sem falar do cara que ela conheceu no bar, que é mais que perfeito. O que só me fazia querer dar uma sacudida na Maggie para ver se ela pegava no tranco - porque o cérebro dela em alguns momentos realmente foi deixado de lado.

Mesmo assim, a leitura fluiu muito bem para mim. Felizmente, a protagonista melhora com o tempo, e mais para o final do livro eu já torcia bastante para que ela tivesse um final de conto de fadas. Acho a capa de O Pulo da Gata linda demais, e a lua e as estrelas têm uma participação essencial na história. A mulher da foto retrata bem a Maggie, só o gatinho que não se parece com o do livro - mas sei que muito pouca gente vai reparar que o Chacrinha é preto e branco e colocaram um gato tigrado na capa.

Não encontrei erros de revisão, e no fim acabei considerando uma boa leitura, mesmo com toda a revolta que senti. Talvez, também por causa dessa revolta, já que prova que a autora conseguiu mexer comigo. É um livro leve, que pode ser facilmente lido em um dia ou dois.