[Resenha - Astral Cultural] Amar tá osso

Título: Amar tá osso

Autora: Vanessa Bosso

Editora: Astral Cultural

Número de páginas: 256

Skoob

Cléo tem certeza que possui o dedo podre para escolher namorados e decide fugir de relacionamentos por um tempo. Para sufocar o amor que existe dentro de si, ela se dedica de corpo e alma à clínica veterinária que tem em sociedade com sua irmã, a Franciscão. Mas, em uma manhã sossegada de domingo, dando uma caminhada com os seus dois filhos peludos, Cléo é pega de surpresa por um tiroteio que resulta em um cão ferido. A partir daquele momento, a vida da veterinária sofrerá uma guinada fenomenal. Apesar de amar tá osso nos dias de hoje, o amor existe dentro de você. Liberte-o!

Cléo é uma veterinária que tem o famoso dedo podre no que se refere a sua vida amorosa. Teve vários relacionamentos ruins e acabou largando essa parte da vida pra lá por tempo indeterminado. Tudo piora quando, ao perguntar a uma cartomante a respeito de seu futuro no amor, ela diz que vê apenas escuridão. Sai correndo do lugar, sem querer nenhuma explicação adicional... E amaldiçoando o momento em que sua irmã a convenceu a procurar aquela mulher.

Tem dois cachorros fofos: um lhasa apso idoso, o Osho, e um golden retriever hiperativo, o Loki (mesmo nome do meu gato mais novo, aliás, mas não pelo mesmo motivo). É apaixonada pelo que faz e tem uma clínica no bairro em que morou por toda a sua vida. Em uma manhã de domingo que deveria ser tranquila, ao voltar de um passeio no parque com os dois cães, Cléo presencia uma cena que parece ser de filme: um carro vem em alta velocidade, seguido pela polícia. Um dos bandidos tenta atingir os policiais. A bala vai na direção de um homem, e seu cachorro pula na frente dele e a recebe em seu lugar.

O cachorro na verdade é uma cadela, Vida, e é o cão-guia de Danton, o homem que quase levou o tiro. Cléo corre para ajudar e logo inicia uma cirurgia para salvar o animal. Danton chega na clínica depois de um tempo e, após um começo complicado, com direito a invasão de centro cirúrgico devido ao desespero, os dois descobrem que moram no mesmo quarteirão.

Cléo e Danton no início se tornam mais próximos por causa de Vida... Afinal, ele quer acompanhar de perto a recuperação de sua companheira. Mas, com o tempo, cada vez parece menos que o encontro deles tenha sido uma simples coincidência. Têm inclusive que lidar com uns choques misteriosos quando se tocam... Será que o destino preparou todo aquele cenário para que eles se esbarrassem?

Pessoas mentem, a vibração delas nunca.

Faz tempo que eu não lia um livro que me encantasse tanto... Amar tá osso mostra um amor que surge de uma verdadeira conexão de almas. A Vanessa me fez dar suspiros sem fim e perceber a química do casal sem precisar de nenhuma cena de sexo. Isso fez com que o livro ganhasse mais ainda o meu coração, já que é algo realmente difícil de encontrar atualmente. A autora também me arrancou sorrisos, gargalhadas e até lágrimas.

Em determinado momento me senti toda arrepiada, de tanto que o enredo mexeu comigo. Sabem quando a gente não duvida nem por um minuto de nenhum acontecimento? Foi exatamente o que aconteceu. Fui transportada para dentro da história e vivi tudo junto com os protagonistas.

Achei muito legal termos um personagem cego, ainda mais por ele ser tão bem resolvido e autossuficiente. Danton é um homem extraordinário, não deixa que sua deficiência visual o limite nem o defina.

Minha escuridão é um espaço criativo. Eu posso imaginar o mundo do jeito que eu quiser.

Confesso que não estava conseguindo ler nada, muito menos escrever sobre alguma coisa... O desastre que aconteceu há alguns dias em Brumadinho mexeu demais comigo. Moro em Belo Horizonte e, apesar de não conhecer ninguém que morreu ou que está desalojado ou desaparecido, conheço muitas pessoas que conhecem alguém. Claro que eu estaria chocada demais mesmo se morasse muito longe. Mas estando tão próxima da tragédia a gente sente a dor e a impotência de uma forma mais profunda. Pelo menos comigo é assim.

Esta obra renovou um pouco minha fé na humanidade, na possibilidade de um dia vivermos em um mundo em que a caridade e a empatia estejam presentes todo o tempo. Em que ninguém faça com alguém o que não gostaria que lhe fizessem. Foi uma leitura leve que me permitiu voltar ao foco e que me surpreendeu muito. É o terceiro livro da autora que leio e com certeza se tornou meu favorito dela. Espero ter a oportunidade de ler muitos outros.

Generosidade não é burrice. A ingratidão é. Mais cedo ou mais tarde, tudo o que você vibra vai voltar para você na mesma medida.