Resenha - A Menina que Roubava Livros

A Menina que Roubava Livros
Autor: Markus Zusak
Tradução: Vera Ribeiro
Editora: Intrínseca

 Os seres humanos me assombram. 

A Morte, em "A Menina que Roubava Livros"

Primeiro, vou contar umas coisinhas sobre mim. Eu não gosto de história. Na verdade, eu não gosto nem de assistir aos jornais para saber o que está acontecendo no mundo. 

Outra coisa: quando comprei este livro, todos estavam falando dele, gostei do título e, quando vi a capa, resolvi que tinha que levá-lo para casa. 

Eu não tinha a menor idéia da história que encontraria dentro dele, muito menos que ele reconstruiria para mim um momento histórico de uma forma tão dolorosa (com um toque de felicidade, é verdade) e poética.

"A Menina que Roubava Livros" é um livro de Markus Zusak publicado pela Editora Intrínseca. Tenho a primeira edição, de fevereiro de 2007. Ele esperou cinco anos em minha estante para ser lido. E eu esperei cinco anos para me apaixonar por ele.

Colocarei aqui só uma parte da sinopse encontrada no site da editora (www.intrinseca.com.br), considero suficiente:

A trajetória de Liesel Meminger é contada por uma narradora mórbida, surpreendentemente simpática. Ao perceber que a pequena ladra de livros lhe escapa, a Morte afeiçoa-se à menina e rastreia suas pegadas de 1939 a 1943. Traços de uma sobrevivente: a mãe comunista, perseguida pelo nazismo, envia Liesel e o irmão para o subúrbio pobre de uma cidade alemã, onde um casal se dispõe a adotá-los por dinheiro. O garoto morre no trajeto e é enterrado por um coveiro que deixa cair um livro na neve. É o primeiro de uma série que a menina vai surrupiar ao longo dos anos. O único vínculo com a família é esta obra, que ela ainda não sabe ler.

Ou seja, vemos a Morte contar a história de Liesel e, consequentemente, de todas as pessoas que atravessam sua vida. Uma garota que vai se descobrindo à medida que a história se desenrola. Uma menina que vive na época do nazismo e que consegue enxergar mais do que a maioria. Consegue não ter sua mente controlada por Hitler e, assim, termina por entender o verdadeiro poder das palavras.

Convive com pessoas que a ajudam a ser quem é, dentre elas, seu pai de criação, Hans Hubermann; seu amigo dos cabelos cor de limões, Rudy Steiner; o judeu que sua família esconde no porão, Max Vandenburg. 

Gosto de livros que fazem pensar. Gosto de livros que mostram que há situações em que todos perdem e, por isso, não deveriam existir. É claro que a guerra é uma dessas situações. Só há perdedores, pois dos dois lados sempre há o sacrifício inútil de vidas. As pessoas têm que enfrentar um sofrimento que parece não ter fim.

Por mais que ouçamos falar do nazismo, leiamos livros, vejamos filmes, nunca teremos a real idéia do que aquelas pessoas passaram. Nunca conseguiremos ter a dimensão de como um judeu se sentia ao ser tratado como se não fosse um ser humano.

Como vemos esta época retratada pelos olhos de uma criança, lemos palavras que só uma criança poderia pronunciar; nos apropriamos de visões de mundo que só uma criança poderia ter. Uma criança que encontra nos livros um meio de sobreviver, de ajudar os outros a fazer o mesmo e, porque não, de contar sua história. Uma criança tão poética em suas palavras como nossa querida narradora.

"A Menina que Roubava Livros" entrou definitivamente para a minha lista de livros preferidos. Não vejo a hora de relê-lo. É perfeito!