segunda-feira, 24 de junho de 2019

[Resenha - Astral Cultural] Gatunas

Postado por Ju às 07:30
Título: Gatunas
Autora: Kirsten Smith
Tradução: Cláudia Mello Belhassof
Editora: Astral Cultural
Número de páginas: 272
Skoob


O que três garotas poderiam ter em comum além de algumas aulas entediantes no ensino médio e problemas corriqueiros de adolescente? Pode parecer estranho, mas essas três jovens, tão diferentes entre si, criaram uma aliança ligada pela emoção de roubar. A história contada através de múltiplas perspectivas revela que, mesmo em uma situação completamente inusitada, na qual elas deveriam estar aprendendo os passos da recuperação após terem tido problemas com a polícia, podem acabar selando uma amizade pra vida toda.

Em Gatunas temos três protagonistas: Elodie, Moe e Tabitha, cada uma delas com dramas peculiares em suas vidas. Elodie perdeu a mãe há algum tempo, seu pai se casou de novo e a nova família se mudou de cidade há alguns meses. Entrou para a equipe do anuário como forma de se integrar na escola nova - isso lhe deu uma única amiga, que na verdade não é uma amiga tão fiel assim...

Moe perdeu os pais quando tinha 7 anos, ela e o irmão foram criados pela tia, mas seu maior problema é que o garoto de quem gosta - que inclusive é seu vizinho - e com quem se relaciona, finge não a conhecer quando estão com outras pessoas ao seu redor.

Tabitha é a garota popular da escola, invejada por muitas meninas por estar sempre ao lado de seu namorado perfeito - pelo menos é o que parece para os outros, mas ela está apenas deixando o tempo passar ao lado de um cara por preguiça de ter que mudar de vida - até que começa a perceber que esse relacionamento, além de tudo, não é muito saudável...

Às vezes é simplesmente mais fácil deixar as coisas voltarem ao normal do que tentar mudá-las. (...) Todos se juntam porque têm medo do que vão perder se não se juntarem.

As três inicialmente parecem não ter nada em comum, até que se encontram em um lugar inusitado: a reunião dos Ladrões de Lojas Anônimos. Por ser algo que elas não podem dividir com as outras pessoas com quem convivem, a situação acaba as unindo. Mas, aparentemente, não se trata de uma união positiva: começam a sair para roubar juntas, e com isso podem conversar com alguém sobre suas "conquistas".

Os segredos têm mais poder se estiverem enterrados em uma caixa, então pode ser bom desenterrá-los e exibi-los.

A narrativa é super dinâmica. Temos os pontos de vista das três protagonistas em primeira pessoa, sendo que a parte de Elodie é em forma de versos, a narrativa de Tabitha é mais tradicional e a de Moe em forma de relatos que escreve em seu diário. Essa diversidade me causou estranhamento no início, mas depois tornou a experiência de leitura ainda mais interessante para mim.

Temos a oportunidade de conhecer amigos e familiares das protagonistas, e é uma delícia ver o quanto elas conseguem progredir em todas as áreas de suas vidas. A amizade que começa a nascer entre as garotas é tão real que elas passam a não aceitar mais conviver com relacionamentos superficiais e que se baseiem em mentiras. Mudam muito no decorrer na obra e descobrem que ser feliz não é tão complicado quanto acharam que pudesse ser. Aprendem umas com as outras e ainda conseguem transformar pessoas ao seu redor.

É meio incrível como ela consegue agir como uma idiota e se sentir totalmente confortável com isso. Andei tão apegada à minha necessidade de privacidade que senti que não podia ser eu mesma, tinha de ser o que todo mundo esperava que eu fosse. Mas aqui posso ser qualquer pessoa.

Não encontrei nenhum erro de revisão e amei a escrita da autora, que é super fluida. Uma vez que você inicia a leitura é muito difícil parar antes de terminar. É um livro com menos de 300 páginas, os capítulos são curtos, as páginas amarelas e a fonte tem um tamanho excelente. Tudo é bem resolvido, a autora não deixa pontas soltas e de quebra ainda nos oferece finais fofos para as protagonistas. Foi uma leitura com que me identifiquei bastante, que realmente conseguiu me levar de volta para o tempo de escola. Recomendo muito.

Você não pode dizer às pessoas o que elas devem fazer. Mas às vezes pode inspirá-las em direção a uma linha de ação melhor.

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