segunda-feira, 22 de junho de 2020

[Resenha - Astral Cultural] A Sétima Cela

Postado por Ju às 16:00
Título: A Sétima Cela
Autora: Kerry Drewery
Tradução: Ivar Panazzolo Junior
Livro #1 da trilogia A Cela
Editora: Astral Cultural
Número de páginas: 320

Martha Honeydew é a primeira adolescente a ser presa no novo sistema de justiça da Inglaterra. A polícia a encontrou ao lado do corpo de Jackson Paige, uma das celebridades mais queridas do país. Nesse novo sistema de justiça, o condenado tem sete dias - cada dia em uma cela diferente - para ter seu destino determinado pelos votos dos telespectadores. Se a audiência do programa decidir pela inocência do preso, ele será solto. Caso contrário, será morto na cadeira elétrica. Martha se declara culpada, mas há algo por trás da cena do crime que os telespectadores não sabem. Quem é, de verdade, Jackson Paige? Martha Honeydew é realmente a culpada? Será que esse sistema jurídico é justo? Nesta distopia eletrizante, todas essas questões nos fazem refletir sobre o poder do dinheiro que, muitas vezes, prevalece sobre a justiça. E Martha, uma adolescente forte e destemida, mostra sua crença em uma sociedade verdadeiramente justa, na força da amizade e do amor. Mesmo que isso possa custar sua própria vida.

Na Inglaterra, o sistema judicial foi considerado ineficiente. Casos eram encerrados por ausência de provas, bandidos continuavam soltos na rua. Portanto, todos os tribunais foram fechados, os juízes dispensados. No lugar de todas essas "coisas inúteis", o poder foi colocado "nas mãos do povo". Através do "Morte é Justiça", um programa diário, ao vivo, as pessoas podem acompanhar quem são os criminosos que estão no corredor da morte. 

Nada de sustentá-los por um tempo enorme, enquanto brigam para tentar escapar do destino que merecem: um preso só permanece no sistema por 7 dias. Durante esse período, o público vota e, ao fim da votação, caso a pessoa seja considerada inocente, será solta. Porém, caso seja considerada culpada, será executada (também ao vivo!) e algumas pessoas poderão inclusive adquirir ingressos para vê-la morrer bem de perto.

É esse o sistema de justiça que aguarda por Martha Honeydew. A garota, de apenas 16 anos, é encontrada com uma arma ao lado do corpo de Jackson Paige - um filantropo muito querido pela população. Ela se declara culpada. Ninguém pergunta como ela fez aquilo, nem porque, muito menos como conseguiu a arma ou o que a vítima estava fazendo naquele local - a parte pobre da cidade, à noite, dirigindo seu próprio carro. O lugar em que o assassinato ocorreu possui câmeras de segurança, mas para que acessá-las se a assassina já foi encontrada, certo? Melhor dizer que não funcionam.

O que ninguém sabe é que Martha só se entregou porque acredita que isso poderá mudar o jeito como as coisas acontecem. Já passou por algumas situações em que teve certeza de que o sistema de justiça era ineficiente, e precisou ver inocentes morrerem sem poder fazer nada a respeito. Ela não se importa de ser a mártir, contanto que alguém assuma o lugar de guerreiro e que as pessoas voltem a ter direito a um julgamento justo, já que o programa de TV é completamente manipulador e sensacionalista. 

Por exemplo, divulgam que, para votar no site, a pessoa precisa acessar a aba "Martha Honeydew, adolescente assassina". Super imparcial, não acham? Fora que cada voto é pago, e as pessoas podem votar quantas vezes quiserem. Ou seja, é bem fácil - para os ricos - definir o resultado de uma votação. Será que a atitude de Martha trará o resultado que ela espera? Valerá a pena morrer pela esperança de um mundo melhor para todos?

Este livro já foi lançado há algum tempo - em 2016 - e claro que eu, a louca das distopias, sempre quis ler. Mesmo depois de tanta espera, com as expectativas a um nível absurdo, ele não me decepcionou. Pelo contrário. Estou com bastante dificuldade para ler nesse período que estamos enfrentando, mas esta obra foi a única que conseguiu prender minha atenção do início ao fim. 

Não vou dizer que vocês vão se surpreender com todos os fatos - eu não me surpreendi. Descobri muito rápido tudo o que estava acontecendo, nenhuma revelação me pegou de surpresa. Ainda assim, fiquei completamente angustiada durante a leitura, enquanto esperava que os 7 dias da Martha no corredor da morte chegassem ao fim. 

Ela é uma personagem muito forte, passa por torturas de vários tipos e consegue se manter firme em sua decisão. Não tem direito sequer a alguma visita, e a cada amanhecer é colocada em uma nova cela - uma pior que a outra, sempre reservando surpresas desagradáveis. Não teve como não me indignar e torcer muito para que a garota conseguisse evitar a execução. 

A escrita da autora é super fluida e envolvente, quando cheguei ao fim da obra queria muito mais. Para minha sorte o segundo livro já está aqui e poderei iniciar a leitura ainda hoje. Logo volto a falar mais a respeito da trilogia com vocês! 

Às vezes... não fazer nada é uma maneira de fazer algo muito grande, na realidade. Você é uma engrenagem em uma máquina, aceitando tudo que acontece porque todas as outras engrenagens estão fazendo a mesma coisa, e ir contra toda essa estrutura é difícil demais. Mas sabe... chega um ponto em que você tem que tomar uma decisão. Ou você continua girando, observando a máquina ficar cada vez maior e mais poderosa, destruindo as coisas conforme cresce, ou faz a única coisa que pode fazer: um pequeno movimento em uma direção diferente, rezando para que isso force a máquina a parar ou para que as pessoas comecem a prestar atenção.

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