[Resenha - Universo dos Livros] A Madona e a Vênus

Título: A Madona e a Vênus

Autora: Catarina Muniz

Editora: Universo dos Livros

Número de páginas: 304

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1481, Florença, Itália. A cidade mais fremente do mundo, berço dos maiores pintores, arquitetos e escultores de toda a História, é o cenário de um intrincado triângulo amoroso entre a camponesa Francesca di Boscoli, a duquesa de Milão, Alessia Sforza, e o aspirante a pintor Vincenzo Mantovani. Francesca busca apenas paz em sua vida, já tão carregada de cicatrizes. Vincenzo espera ser reconhecido como um dos maiores artistas de seu tempo. E Alessia, a bela mecenas, busca impor sua vontade, custe o que custar! O Renascimento Cultural italiano é o pano de fundo deste romance que promete trazer ao leitor fortes emoções. Benvenuti!

Não sou uma pessoa muito fã de romances de época, mas quando vi essa capa me apaixonei. E eu seria incapaz de resistir a uma história que se passa em Florença, ainda mais tendo um pintor como uma das personagens principais. Sou apaixonada pela cidade e amo demais os pintores renascentistas. Mesmo assim, comecei a ler com um pé atrás. Felizmente, o livro me pegou de jeito logo no início e adorei a leitura.

Francesca é uma bela camponesa que tem uma vida simples e feliz. Está noiva de um rapaz que conhece desde sempre, e seu casamento se aproxima. Mas Giane parece não conseguir mais se conter e, embora a garota esteja se guardando para o casamento, passa a insistir cada vez mais para que passem para um novo nível de intimidade. Uma noite, invade o quarto dela e os dois são pegos pelo pai de Francesca, que julga que a filha foi desonrada, embora isso não tenha acontecido. Ele lhe dá uma surra enorme, e poderia mesmo ter chegado a matá-la se não fosse pela intervenção dos irmãos da garota.

Um deles a aconselha a ir para longe devido ao descontrole do pai, que a havia expulsado de casa e não admitia nem mesmo ouvir falar seu nome. Ela então sai da cidadezinha em que sempre morou e vai parar em Florença, uma cidade enorme para os seus padrões, sem conhecer ninguém por lá, sem nenhum dinheiro e sem nenhuma ideia do que fazer com sua vida. 

Consegue um trabalho em uma taverna, mas é basicamente escravidão: fazer tudo a troco de uma quantidade ridícula de comida e um cantinho no chão para dormir... até quando a garota aguentaria aquela situação? Francesca não se vê vivendo daquela forma por muito tempo, mesmo porque mal consegue sobreviver com as migalhas que lhe oferecem... Uma noite, acaba servindo um homem de olhar penetrante que não lhe passa nem um pouco de confiança e lhe faz até sentir certo medo... mal sabia a garota que aquele jovem transformaria completamente seu destino.

Não curamos as dores da alma simplesmente calando-as em nosso coração. (...) Às vezes, é necessário que aceitemos nossas feridas para que só então elas cicatrizem.

Não pensem que é uma história fofa. Em vários momentos eu quis esganar pessoas, inclusive a autora... rs... Sabem aquele tipo de autor que faz as personagens sofrerem muito, aí dão a elas a falsa sensação de que dali para a frente as coisas serão boas e então pega e aumenta o sofrimento das coitadas em 500%? É o que encontramos nesse livro. Passei muita, mas muita raiva mesmo. O que só confirma o quanto a história me envolveu. Várias vezes me peguei rindo, e cheguei até a chorar. O mais incrível é que o choro não foi de tristeza, e sim de felicidade.

As personagens são bem críveis e humanas, e vemos transformações significativas nos protagonistas no decorrer do enredo. Francesca passa de uma menina completamente ingênua, que nunca pensou em tomar as rédeas da própria vida, a uma mulher muito corajosa e determinada. Vincenzo, o pintor, muda seu foco e revê suas prioridades. É lindo ver o amor nascer entre eles. Sei que a sinopse fala de um triângulo amoroso, mas eu não chamaria assim. Para mim, triângulo é quando uma pessoa fica indecisa, sem saber de quem gosta, e isso felizmente não acontece em momento algum. 

A Catarina realmente me encantou com sua história. A escrita dela é super fluida e mesmo quando eu sentia um ódio profundo não conseguia parar de ler, simplesmente precisava saber o destino que ela tinha reservado para a Francesca. Apesar do final não ter sido exatamente o que eu esperava, gostei, foi adequado para a trama e condizente com as vivências dos protagonistas. Com certeza vou querer ler novas obras da autora.