domingo, 28 de fevereiro de 2016

[Resenha - Companhia das Letras] Doze anos de escravidão

Postado por Ju às 19:00
Título: Doze anos de escravidão
Autor: Solomon Northup
Tradução: Caroline Chang
Editora: Companhia das Letras
(Coleção Penguin-Companhia Clássicos)
Número de páginas: 280

A extraordinária história do violinista Solomon Northup, um negro livre que foi sequestrado e vendido como escravo. Por doze anos ele trabalhou em diversas fazendas na Louisiana até ser libertado em uma batalha judicial. Doze anos de Escravidão narra a história real de Solomon Northup, negro americano nascido livre que, por conta de uma proposta de emprego, abandona a segurança do Norte e acaba sendo sequestrado e vendido como escravo. Durante os doze anos que se seguiram ele foi submetido a trabalhos forçados em diversas fazendas na Louisiana. Este relato autobiográfico, publicado depois da libertação de Northup, em 1853, logo se tornou um best-seller, e hoje é reconhecido como a melhor narrativa sobre um dos períodos mais nebulosos da história dos Estados Unidos. Verdadeiro elogio à liberdade, esta obra apresenta o olhar raro de um homem que viveu na pele os horrores da escravidão.

Solomon Northup foi um homem que nasceu livre. Casou-se, teve três filhos, e sempre viveu sua vida de forma honesta. Morava no norte dos Estados Unidos - a parte do país que não era escravocrata em 1841. Certo dia, foi convidado por dois homens para viajar com eles em direção ao sul - local em que a escravidão ainda existia de maneira bem marcante. 

Eles afirmaram fazer parte de um circo, e estarem viajando para se reunirem a ele. Só que durante essa viagem pretendiam fazer apresentações ocasionais, em que a música faria muita diferença, por isso propuseram a Solomon, que era muito talentoso com o violino, que se apresentasse com eles em seu trajeto, garantindo que pagariam seu retorno ao lar, além de um valor diário mesmo se não se apresentassem. Ele então partiu com os desconhecidos, sem nem ao menos avisar sua família, já que a esposa estava viajando também a trabalho e seus filhos estavam com parentes. Imaginou que retornaria muito rapidamente.

Qual não foi sua surpresa quando um dia, depois de beber com os homens com quem já convivia há um certo tempo, começou a se sentir muito mal. Depois disso, só se lembrava de ter sido retirado de seu quarto por vários outros homens que afirmavam que o levariam ao médico. Quando acordou, teve uma ingrata surpresa: tinha sido acorrentado em um lugar certamente nada atrativo. 

Foi informado de que era escravo, e ao afirmar ser um homem livre, foi torturado até parar de insistir no assunto. Assim começaram seus doze anos de escravidão, tempo em que, apesar de nutrir bem no fundo uma esperança de ter sua liberdade de volta, teve que se reinventar para sobreviver em um meio em que deixou de ser visto como um ser humano, e passou a ser considerado um bem descartável.

Não é comum vermos nas narrativas que abordam a escravidão uma história como essa - a história de um homem que foi sequestrado e perdeu instantaneamente o direito à sua liberdade e humanidade. Apesar disso, Solomon conta sua história com um distanciamento impressionante. É como se não tivesse realmente estado lá - como se Platt, o nome pelo qual se tornou conhecido ao ser transformado em escravo, fosse uma outra pessoa. E acredito que tenha sido quase isso. 

Ele aprendeu muito rapidamente que seus senhores não aceitariam perder o investimento feito nele facilmente, e os outros escravos não poderiam ajudá-lo de forma alguma - sendo mais possível que o traíssem para conseguir alguma vantagem -, então passou a guardar sua identidade apenas para si mesmo, torcendo para que um dia tivesse a oportunidade de retomá-la.

Confesso para vocês que este livro me deu muito sono. Dormi várias vezes enquanto lia, porque o autor se detém em algumas descrições que na hora achei completamente desnecessárias - como por exemplo, o modo de arar a terra para determinada plantação, ou a forma que encontrou para construir uma armadilha para peixes e com isso se alimentar um pouco melhor. No posfácio, é explicado que ele acrescentou todos esses detalhes para dar mais veracidade à sua narrativa, e só então consegui aceitar a presença de todas aquelas descrições.

A parte física do livro foi uma decepção para mim. Escolhi qual edição comprar pela capa, só que não sabia que tratava-se de um livro sem orelhas. Mas o maior desapontamento que tive foi o fato dos diálogos serem sinalizados com aspas, e no meio do texto, sem nem ao menos as falas ganharem novos parágrafos. Pode ser o padrão norte-americano, mas não é o padrão brasileiro, e simplesmente odeio quando publicam livros dessa forma. Sinceramente, não pretendo adquirir nenhum outro título da coleção Penguin-Companhia Clássicos, se todos os livros tiverem sido tratados da mesma maneira.

Este é um livro que, apesar de não ter me emocionado profundamente como eu esperava que ele fizesse, deveria ser lido por todos. Só não recomendo essa edição específica, pelo que citei acima. Li para participar de um Clube do Livro com algumas amigas, e a outra edição que levaram quando nos encontramos tem uma diagramação bem mais caprichada. 

12 comentários:

  1. Ola tudo bem?
    Primeira vez aqui =)

    Já assisti o filme e gostei bastante, fiquei muito angustiada com as coisas que acontecia com ele. Quero muito poder conferir a obra em livro, o filme sempre deixa algo de fora (as vezes quase tudo).

    Bjos

    http://lovereadmybooks.blogspot.com.br/

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  2. Amiga que livro é esse?
    Karamba, eu não conhecia e fiquei bastante interessada apenas pela trama que foi abordada. Achei muito bom tudo que você contou e fiquei com vontade de ler para saber o que acontece com o personagem. Espero poder fazer a leitura assim que possivel, porque gosto de ler coisas diferentes e tenho precisado ultimamente sabe?

    Agora um ponto no qual eu não curti muito que tu comentou, apesar da estória ter me chamado atenção é você dizer que ele é um sonífero rs
    Sério, eu também não gosto de livros que sejam muito parados, porque eu simplesmente começo a pescar e não consigo fazer a leitura. E quando se torna uma obra muito chata eu paro de ler. Ai sim complica tudo as coisas rs

    Mas mesmo assim quem sabe eu venha ainda a ler.
    Quero ver, porque cada um vai ter uma percepção diferente também.

    http://lovereadmybooks.blogspot.com.br/2016/02/resenha-paixao-de-primavera.html

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  3. Olá!

    É nesse livro que foi inspirado o filme? Ainda não vi o filme.... Fiquei bastante interessada no livro, me parece uma estória bem interessante a desse homem que era livre e acabou transformado em escravo e o pior de tudo foi ele partir nessa viagem sem a familia... O que eles não devem ter passado sem saber noticias dele... Deve ter sido horrível. Adorei a sua resenha e com certeza eu quero ler esse livro. Uma pena que essa edição seja tão ruinzinha assim. Espero achar uma melhor para comprar.

    Beijinhos!
    Cantinho Cult

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  4. Olá!
    Gostei muito da sua resenha, mas não fiquei curiosa com a leitura.
    Acho que a leitura desse livro é bem importante para as pessoas, mas não é algo que eu precise. Saber que ele te fez dormir em várias partes me deixou bem decepcionada.
    Apesar disso, gostei muito da sua resenha.
    Beijos,
    http://mileumdiasparaler.blogspot.com.br/

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  5. Ju, tem um tempo que eu tenho curiosidade para ler este livro, só não o conhecia com esta capa. Depois que você falou da diagramação desta edição, entendi que realmente tem outras. Quero muito ler e sua resenha me deixou ainda mais curiosa.
    Meu Amor Pelos Livros
    Beijos

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  6. Oiee ^^
    Como gosto de ler histórias reais e um tanto tristes, tenho muita curiosidade de ler esse livro, mas saber que ele te deu tanto sono me deixou desanimada *-* imagino que vou acabar dormindo durante a leitura também, pois não aguento quando os autores descrevem muito. Eu também odeio esse padrão, falas com aspas não me agradam nem um pouco :/
    MilkMilks
    http://shakedepalavras.blogspot.com.br

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  7. Oi Ju... tudo bem???
    Que pena que o livro não te agradou tanto quanto gostaria... bem sei como é... infelizmente já passei por algo desse tipo... com uma duologia que comprei e quando chegou era edição resumida e com folhas brancas e isso não dizia no site, enfim, terminei passando pra frente... a história inicialmente é interessante... e ao mesmo tempo dolorida... fiquei imaginando como foi para ele descobrir que de repente sua liberdade foi tirada ... nossa deve ter sido angustiante... é uma pena também que em vários momentos sentiu sono... detalhes são bons, mas nada exagerado... xero!!!!

    http://minhasescriturasdih.blogspot.com.br

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  8. Olá,
    Eu lendo a sua resenha gostei bastante da premissa da história, mas depois quando você disse que em vários momentos ele te deu sono e os diálogos em aspas. Vou deixar passar, minha lista é enorme e cada dia só aumenta rsrs
    Como o homem sai com pessoas desconhecidas e não avisa a ninguém? Que sitação heim, um homem livre e agora ser escravo, não fácil para ele.
    Beijos
    Parabéns pela resenha
    Conchego das Letras

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  9. Olá
    Nossa, eu não sabia que esse livro tinha uma edição da Companhia das Letras. Achei bem estranhona essa capa, prefiro a outra. outro fato curioso era que eu não sabia que tinha uma adaptação para cinema dessa obra, rsrs. Espero (no minimo) ver o filme em breve, adorei a sua resenha!
    Bjks

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  10. Eu tenho essa mesma edição, e gostei demais da leitura. Diferente de você, os detalhes gráficos dos quais você comentou não me incomodaram em nada. Não ligo pra livros com orelhas, e o fato de diálogos iniciarem com aspas, não é um padrá norte americano, foi só a escolha do escritor.

    ;D
    Profissão: Leitora

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  11. Olá, boa noite, tudo bem?
    Não tenho palavras para descrever o quanto de raiva que essa história me passou... Escravidão é um tema muito forte para um livro, e esse caso em especifico com essa história não foi diferente, não acredito que esses caras fizeram isso com o Solomon, esse tipo de história é daquelas que eu gostaria de pensar que não acontece na vida real, mas não só aconteceu como acontece... não apenas com negros mas com qualquer outro povo com a cor de pele mais escura ou com qualquer outro tipo de diferença, é uma realidade muito triste e há pessoas que ainda acham que não existe racismo no Brasil....
    Sthe - Blog
    http://leesoncre.blogspot.com.br/

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  12. Oieeeee
    Amei sua resenha e toda a sinceridade contida nela... Primeiro o livro não me chamou a atenção, nem a capa e nem a sinopse... Okay a sinopse chamou um pouquinho, mas o fato de ser autobiográfico me desanimou, não curto de jeito nenhum esse tipo de livro, só vou ler a de Sidney Sheldon (meu autor favorito) e ninguém mais kkkkk Em segundo lugar acho que esse excesso de descrição que você citou vai me deixar sonolenta assim como você e só isso por si só acabaram com as chances do livro pra mim. Entendo a questão das aspas sinalizando os diálogos, estou lendo um livro assim e estou odiando, também não consigo aceitar essa excentricidade americana.

    Abçs
    Sou bibliófila

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