quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

[Resenha] Leviatã

Postado por Ju às 21:30
Título: Leviatã - A Missão Secreta
Autor: Scott Westerfeld
Ilustrações: Keith Thompson
Tradução: André Gordirro
Editora: Galera Record

Sinopse: É o começo da Primeira Guerra Mundial. As potências europeias, divididas em duas vertentes, estão munidas de armamentos impressionantes para as batalhas. De um lado, mekanistas alemães dispõem de máquinas gigantescas e ultramodernas movidas a combustível. Do outro, darwinistas ingleses contam com poderosos animais fabricados geneticamente. Para rivalizar com os zepelins do kaiser alemão, a Grã-Bretanha criou uma extraordinária aeronave bélica. O Leviatã é uma enorme baleia-zepelim, projetada com base na cadeia vital desse ser e formada por outras inúmeras criaturas. À sua volta ee sobre sua pele habitam centenas de monstros também criados - batedores, guerreiros e predadores para coletar comida, o combustível da aeronave. Em meio a essa corrida armamentista, Aleksandar Ferdinand, príncipe do império Austro-Húngaro, é acordado em plena madrugada e obrigado a fugir de casa. O próprio povo o persegue. Seu título de nobreza é irrelevante. Tudo o que ele tem é um andador gigantesco, o Ciclope Stormwalker, e a companhia de um grupo leal de homens. Do outro lado da batalha... Deryn Sharp é uma menina esperta e estudiosa que se disfarça de garoto para entrar na Força Aérea Britânica como aspirante. Mas a talentosa aeronauta precisa se manter em constante alerta para que seu segredo não seja descoberto. Com a guerra eclodindo, os caminhos de Alek e Deryn se cruzam de um modo inesperado... e os dois sobem a bordo do Leviatã para embarcar em uma aventura que mudará suas vidas para sempre. (retirada das orelhas do livro)

Eu poderia usar uma sinopse mais resumida, mas me senti incapaz de contextualizar o livro tão bem quanto esta versão. Leviatã pertence a um gênero com o qual eu nunca havia tido contato, o steampunk, e achei realmente complicado descrevê-lo para vocês. 

Já disse mais de uma vez aqui que história nunca me atraiu, então fiquei um pouco perdida para definir o que era criação do Scott e o que era realidade. Fiquei muito feliz quando, ao final do livro, ele esclareceu isso para o leitor. E foi através desse esclarecimento que eu pude entender como Leviatã se encaixa nesse gênero tão falado por aí e tão pouco conhecido por mim.

Leviatã aborda tanto futuros possíveis quanto passados alternativos. O livro vislumbra o futuro, quando as máquinas parecerão com criaturas vivas, e criaturas vivas poderão ser fabricadas como máquinas. E ainda assim a ambientação também relembra uma época antiga em que o mundo era dividido entre aristocratas e plebeus, e as mulheres na maioria dos países não podiam se alistar nas forças armadas... ou sequer votar. Esta é a natureza do gênero steampunk, misturar futuro e passado.

O gênero me causou um certo estranhamento. Eu, sinceramente, nunca tinha pesquisado sobre ele e não sabia que era disso que se tratava. As coisas parecem tão fora de lugar que leva um tempo para a gente se acostumar. Mas a história começou a fluir naturalmente quando eu consegui entender a proposta e me deixar levar pelos acontecimentos.

Eu me apaixonei por esse livro antes mesmo de ter meu exemplar. O Scott esteve aqui em São Paulo e tive a oportunidade de participar de uma palestra, seguida de bate-papo, com ele. É incrível o jeito com que ele fala do livro, não tem como não ficar louco pra ler. 


Foto: Paulo Guimarães

Scott nos contou como teve a ideia de escrever Leviatã - vários de seus fãs japoneses faziam ilustrações para a série Feios, e ele começou a pensar em escrever um livro ilustrado. Nos mostrou que isso era muito comum, até a chegada da fotografia. E frisou que no Japão ainda há esse costume, que lá o difícil é encontrar um livro sem ilustrações.

Selecionou um ilustrador, e a partir daí começou um longo processo de criação dos desenhos. O autor disse que acabou sendo uma criação coletiva dele e do ilustrador, ele dizia o que queria, Keith desenhava e eles conversavam sobre o resultado. Segundo ele, o ilustrador deu várias ideias, inclusive sobre o interior do Leviatã, que só teve seu contorno finalizado após as observações dele. Essa ilustração não está no livro, mas vou dividi-la com vocês.



Foi um evento lindo apesar de alguns probleminhas (e foi quando autografei minha série Feios, e também o exemplar de Feios que é um dos prêmios do Top Comentarista que está no ar). Desde que ele aconteceu, Leviatã estava esperando  por uma oportunidade de ser lido. Agora que eu já contei de onde veio o desejo absurdo de fazer isso, voltemos a falar do livro... rs...

Alek é um príncipe do império Austro-Húngaro. Seus pais foram assassinados e o garoto teve que fugir no meio da noite (sem nem saber que estava fazendo isso, inclusive). É arrogante e tem pose de governante, mas é também solidário, leal e corajoso. Ele tem que enfrentar muita coisa durante a fuga, mas aprende demais sobre si mesmo e sobre os acontecimentos do mundo todo também.

Ele tirou o pensamento da cabeça ao se lembrar de uma frase do poeta Goethe, a favorita do pai: os perigos da vida são infinitos e, entre eles, está a segurança.

Deryn é uma garota apaixonada pelo céu. Ela voava com o pai, até que ele faleceu. Junto com o irmão, ela monta um plano para entrar na força aérea: vai se fingir de menino para que possa fazer parte dela. Para isso, adota também um novo nome: Dylan. A garota é extremamente inteligente e nada modesta, e vai ter que dar duro de verdade para conseguir realizar seu objetivo: voar sempre.


Com certeza os alemães e seus parceiros austríacos não eram tão estúpidos a ponto de começar uma guerra apenas porque um aristocrata qualquer tinha sido assassinado. Os mekanistas (...) tinham medo de espécies fabricadas e idolatravam suas máquinas mekânicas. Será que pensavam que a multidão de andadores e aeroplanos seria páreo para o poderio darwinista da Rússia, França e Grã-Bretanha?


A cada dois capítulos, acompanhamos o que está acontecendo com Deryn/ Dylan ou Alek, alternadamente. É bem legal, os capítulos são curtos e logo temos acesso à continuação das histórias. Em dado momento do livro, eles se encontram de uma forma bem inusitada, e é aí que as visões de mundo que eles têm vão ser modificadas devido ao conhecimento de uma nova cultura.


São mundos totalmente diferentes. Deryn/ Dylan  é darwinista, e presta serviço no Leviatã, uma baleia-zepelim gigante. Um aeromonstro. Um mecanismo voador formado por vários organismos vivos, em que o alimento é o combustível. Meio nojento pra mim pensar em voar por aí dentro de uma baleia, apesar de ser muito legal imaginar uma nave viva.

Alek é um mekanista ferrenho, e considera heresia a criação de animais que podem ser usados como veículos de transporte ou armas. Ele não consegue entender porque os darwinistas não utilizam estruturas exclusivamente mecânicas para isso.

Eu amo histórias em que podemos acompanhar a evolução das personagens, e certamente é o caso de Leviatã. As personagens secundárias também passam por isso, e algumas delas têm papéis essenciais na trama. Simplesmente adorei a Dra. Barlow, uma cientista bem esperta e com faro de investigadora.

Não acho a capa a coisa mais linda do mundo, mas eu amo alto relevo e não me canso de passar a mão no título ou nas ilustrações de engrenagens... rs... Mas que eu queria o Leviatã na capa, isso eu queria.

Leviatã me deu vontade de conhecer mais sobre steampunk. Vou procurar por outras obras do gênero, assim que conseguir diminuir a pilha de leitura que me espera aqui.


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Resenha participante do desafio "Um livro por mês, todos os meses do ano" do blog Na Parede do Quarto/ Mês: Fevereiro/ Tema: Steampunk

10 comentários:

  1. Ahh você leu! Não é lindo?! É o meu livro favorito do Scott, já que a série Feios é tão controversa para mim.
    Steampunk se tornou um dos meus gêneros favoritos e já li 5 séries diferentes, Leviatã incluso.
    Os monstros darwinistas são criaturas de dar nó na cabeça, mas são incríveis de se imaginar. E depois da palestra do Scott, como não amar essa série? Impossível! Acho que foi a melhor palestra que já participei na vida! Nunca vou esquecer da influência que os desenhos têm na literatura (o chápeu do Sherlock é um exemplo), admiro ainda mais o livro quando ele contém ilustrações.
    Ótima resenha, aconselho a série Peças Infernais da Cassandra Clare para sua próxima leitura steampunk. A Valentina está para lançar um também, mas é um steampunk-vampiro. E recomendo, Dearly, Departed, um steampunk-zumbi, mas sei que essa combinação não é são estilo.

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  2. Oi Ju, aprendendo e conhecendo livros e gêneros que nem fazia ideia. já vi muito a capa desse livro em vários lugares mas não tive a curiosidade de saber sobre ele, no entanto como sempre adoro suas resenhas tive que ler, é claro. E não é que esse livro me conquistou, porém deve ser meio confuso a mistura de passado e presente mas isso que é o legal. Com certeza vai ter que ir pra minha meta de 2013. =D

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  3. Uiii esse livro parece legal kk mas eu n gosto mt de guerras (são mt tristes) mas é mt legal pois vc faz resenhas de livros que eu nem imaginava que existia! Adoro seu blog Ju!
    Beijos
    Thais_Alves.16@hotmail.com

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  4. Recentemente eu ouvi falar desse livro, mas não tive muita curiosidade de procurar saber mais. Bom, sua resenha está bem esclarecedora e, pelo fato de que eu amo o período antigo, fiquei curiosa com o livro em si. Mas acho que vou querer ler FEIOS antes de ler esse, só pra me acostumar um pouco com o autor, rsrs

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  5. Oi Ju!
    Nunca li Steampunk, mas achei a proposta desse livro muito louca, embora não sei se curtiria esse tipo de leitura, só experimentando pra saber, não é? Adorei a resenha =D
    Beijos... Elis Culceag.
    * Arquivo Passional *

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  6. Oi Ju!

    Que legal que você teve a oportunidade de ir no evento, imagino que deve ter sido incrível ter ouvido o Scott falar um pouco sobre o livro. Eu tenho o meu exemplar aqui esperando para ser lido, acho a capa e a diagramação muito bonitas. Fico feliz de saber que gostou porque recentemente li algumas resenhas negativas e fiquei com receio de não gostar, mas você renovou as minhas esperanças. É sempre bom quando os personagens evoluem e melhor ainda quando os secundários ganham um destaque maior. Ótima resenha!

    Beijo:*
    Naty.

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  7. Queria ter ido ao evento T.T
    Já ouvi e vi obre o estilo Steampunk, é bem legal e único
    quem ainda não viu nada sobre recomendo fazer uma pesquisa
    assim tudo fica menos confuso e é bem legal...
    Nunca li uma história que envolva o estilo então estou com muita vontade de ler, ainda vai ler um tempo pra ler o livro, pois tenho outros já planejado para serem lidos, mas vou ler ^^

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  8. Eu achei tudo isso muito louco rsrsrs
    Amei a série Feios e por isso tenho curiosidade de ler Leviatã, mas admito que a sinopse não me agrada muito, não curto esse lance de máquinas e suas descrições, de qualquer forma... quero ler.

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  9. não curto muito esse tipo de leitura provavelmente não leria, mas aachei a capa bem intrigante!

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  10. Acho que esse será o meu steampunk. Adoro Scott já desde os livros Os Primeiros Dias e Os Últimos Dias. Quero muito ler. ;)

    ;)

    http://pseudonimoliterario.blogspot.com.br/

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