
Título: Gabriela Cravo e Canela
Autor: Jorge Amado
Editora: Record
Sinopse: O romance entre a mulata Gabriela e o árabe Nacib na pequena Ilhéus na década de 20 é um dos grandes clássicos do gênero no Brasil. Escrito em 1958, eterniza as virtudes e defeitos da mulher brasileira: sensualidade, leviandade e submissão.
Esta é uma leitura do Desafio Literário 2012.
Tema de julho: Prêmio Jabuti
Primeira coisa, a capa. Eu acho muito fofo o fundo, com o desenho das casas. Agora o que fizeram com a Gabriela? Se a gente olhar só o rosto e as mãos, a pobrezinha parece uma mistura de vampiro com lobisomem. E espero que eles não se ofendam com a comparação. Felizmente, existem muitas outras versões de capa, inclusive da mesma editora.
Eu comecei a ler Gabriela Cravo e Canela sem expectativa alguma. Sabia que existia há tempos, claro, mas nunca tinha visto nenhuma opinião sobre ele.
O primeiro terço do livro foi um suplício pra mim. Era só pegar pra ler que dormia. Achei chato mesmo. Mas por favor, lembrem-se, tudo o que digo aqui é apenas a minha opinião pessoal. O livro não me conquistou, não quer dizer que não vá conquistar você.
Eu fiquei perdida no meio de tantas personagens. Sinceramente, eu não queria saber a vida inteira de cada uma delas. Mas fui obrigada a isso. E me dava uma aflição, eu queria saber onde é que, afinal, a Gabriela entrava nessa história.
Quando ela aparece, tudo muda. Acredito até que talvez tenha sido proposital. O autor pode ter feito o início do livro chato de propósito, pra gente se sentir como as personagens, vivendo em uma Ilhéus sem graça e sem vida, dominada pelos coronéis.
Com a chegada de Gabriela, a cidade se ilumina. A vida das pessoas também. Ela pode não ser alguém que eu gostaria de ter como minha melhor amiga (homem pra ela não tem dono mesmo!), mas tem um coração puro. Faz o que faz pois é o único jeito que conhece de viver.
Não sei cantar aquela música famosa, só me lembrava de uma parte, e durante toda a leitura fiquei com ela na cabeça: Eu nasci assim, eu cresci assim, e sou mesmo assim, vou ser sempre assim, Gabrieela, sempre Gabrieela...
Gabriela é quem é. Sabe exatamente quem é essa pessoa. Até tenta fazer algumas concessões, mudar seu jeito. Mas sem sucesso. Ela quer ser Gabriela, nada mais. A moça com cheiro de cravo e da cor de canela.
A obra tem todo um fundo político; como eu não gosto, me prendi ao restante. Principalmente na transformação que pode ocorrer na vida de todos quando alguns dão o passo inicial. É um livro que deixa a gente cheio de esperança, de conhecer um dia um lugar melhor.
O amor não se prova, nem se mede.
É como Gabriela. Existe, isso basta.